Quando eu tiver uma filha ela vai se chamar Luiza. Só para eu poder gravar um vídeo na maternidade cantando e tocando “Luiza”, que é uma cancao para lá de linda. Nao, mentira, Luiza é por si só, um nome muito bonito. Assim, agradável, soa bem aos meus ouvidos. Tem uma menina que é mina aluna aquí nas aulas de natacao no Peru que deveria se chamar Luiza, porem se chama Débora. Mas é incrível, ela tem toda a cara de Luiza. É dócil, amável, educada até demais para sua idade. É fantástico notar como essa menina destoa das demais em todos os aspectos. Se alguem pede para fazer silencio, ela faz, assim de instantáneo. Se alguem pede para ela falar algo, assim qualquer coisa, ela o faz com uma desenvultura que daría inveja a muita gente grande por ai. Aprende tudo rápido, e ainda ajuda os coleguinhas com ganas. E como se nao fosse o bastante, ainda se preocupa com os que nao sabem nadar.
A escola sociologica francesa tem para si a docilidade enquanto uma faculdade – genuinamente feminina – de deixar-se instruir. Foi usada, em larga medida, como uma justificativa para o pseudo nao envolvimento das mocas universitarias nos eventos de 68 e tambem para o seu – e aqui nao é pseudo – melhor aproveitamento na academia. Melhores notas, melhores exposicoes e tudo o mais. Bom, se a docilidade se resume a isso, eu nao sei, mas que as meninas tendem a serem mais receptivas aos novos conhecimentos, isso eu nao tenho dúvida. Vivenciando essa experiencia de professor, isso é muito claro. Existem meninos ótimos, lógico. Mas as meninas, geralmente, dao um banho neles. Pois essa menina, Débora, é a personificacao da docilidade. Do deixar-se instruir. Da boa vontade. Felizes os pais dela, que felizes. Aliás, se em cada 100 meninas nasce 1 Débora, é muito. Uma débora nao é resultado de criacao, de educacao, de informacao. Transcende isso tudo e ainda nao tenho uma resposta convinvente pra tentar entender como essa menina já é o que é, com 11 anos.
Alguem um dia disse que felicidade é nao preocupar-se demais em saber se se é feliz ou nao. O que passa é que percebo a felicidade tao sutilmente. Me vi insustentavelmente feliz olhando pra essa menina e imaginando como será a minha filha daqui uns anos. Tal como o médico arequipeno que me receitou um anti-alergico no meio da rua e me levou ate a farmacia pra se certificar que nao estava comprando o errado. Em 3 dias o semi-cancer que brotava do meu braco desapareceu. E eu, gratissimo. E o melhor: minha gratidao era enderecada a um desconhecido, que talvez eu nunca mais reencontre.
“Vejo-te em cada prisma, refletindo
Diagonalmente a múltipla esperanca
E te amo, te venero, te idolatro
Nunca perplexidade de crianca.”
(Ele, o de sempre V.M)
Quem quiser saber quem é a Débora, está ao meu lado direito na foto. Essa criaturinha que enche meu coracao de esperanca no primeiro turno da manha.
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